Qual a origem da palavra diabetes?
A palavra diabetes tem origem na palavra grega diabetes , que significa sifão, recebendo este nome, por se caracterizar por um determinado líquido que quando ingerido é filtrado nos rins e eliminado através da urina.
Esta designação relaciona-se com a poliúria detetada na diabetes mellitus, ou seja, os níveis de açúcares livres que neste tipo de diabetes dão origem à excreção de urina com sabor doce.
Para melhor clarificar, o termo latino mellitus, este em português significa (melito, sacarino ou açucarado).
O que é a diabetes mellitus?
A diabetes mellitus é considerada um grupo de doenças metabólicas, que têm em comum a persistência de elevados níveis de glicose (açúcar) no sangue, designando-se essa condição de hiperglicemia.
Para a maioria das pessoas, o consumo de alimentos ricos em hidratos de carbono, aumenta os níveis de glicose no sangue.
A grande diferença, para as pessoas com diabetes está no aumento exagerado desses níveis e o tempo pelo qual se mantêm neste estado de hiperglicemia.
O que é que não está a funcionar corretamente nestas pessoas?
Dependendo do tipo de diabetes a que nos referimos, esta condição pode estar relacionada com diferentes alterações.
No entanto o órgão responsável por esta regulação chama-se pâncreas.
Foi em 1869, que Paul Langherans descobriu o conjunto de células deste órgão, responsáveis pela produção da hormona que regula a entrada de glucose nas células, a famosa insulina.
O que é então a insulina?
Os macronutrientes são caracterizados por 3 principais componentes, os hidratos de carbono como principais fontes de energia, as proteínas, essenciais à manutenção da massa magra, em particular da componente muscular e ainda os lípidos (ou gorduras), fundamentais para o ótimo funcionamento do nosso sistema imunitário e das funções reguladoras do nosso organismo, uma vez que integram o sistema endócrino através da produção hormonal.
Que tipos de diabetes existem?
Pré-diabetes –ocorre em indivíduos cujo os níveis de glicose no sangue se encontram aumentados, mas ainda num estado de hiperglicemia intermédia, possuindo, no entanto, um elevado risco de vir a desenvolver diabetes tipo II. O diagnóstico é realizado através da análise da AGJ (Anomalia da Glicemia de Jejum) ou da TDG (Tolerância Diminuída à Glicose).
Diabetes Tipo I- conhecida como diabetes insulino-dependente, é uma patologia que resulta da destruição das células beta dos ilhéus de Langerhans, produtoras de insulina. Na maioria dos casos, este processo de autodestruição ocorre através do sistema de defesa do organismo (sistema imunitário), denominando-se diabetes tipo 1auto-imune. Contudo, quando não se consegue associar este processo imunológico, é considerada diabetes tipo I idiopática. É mais comum na infância e na adolescência, apesar de corresponder apenas entre 5-10% de todos os casos de diabetes. Estas pessoas necessitam de terapêutica com insulina para toda a vida. Ao contrário do que acontece com a diabetes tipo II, esta doença não está diretamente relacionada com hábitos de vida ou de alimentação desequilibrados.
Diabetes tipo II- resulta de um processo ineficiente do corpo em utilizar a insulina. Este tipo de doença é caracterizado simultaneamente por uma resistência à insulina e um estado de hiperglicemia, sendo os principais fatores de risco a obesidade, o sedentarismo e a predisposição genética.
O défice de insulina e resistência à insulina significa que é necessária uma maior quantidade de insulina para a mesma quantidade de glicose no sangue. Por isso pessoas com maior resistência à insulina podem, numa fase inicial, apresentar valores mais elevados de insulina e valores de glicose normais. À medida que o tempo passa, o organismo vai tendo maior dificuldade em compensar este desequilíbrio e os níveis de glicose sobem.
Este tipo de Diabetes pode ser prevenido controlando os fatores de risco modificáveis.
Diabetes gestacional
A gravidez é acompanhada por resistência à insulina, mediada principalmente pela secreção placentária de hormonas como ( hormona do crescimento (GH), hormona libertadora de corticotrofina (CRH), lactogénio placentário (hPL), prolactina e progesterona. Estas e outras alterações metabólicas, são importante para o fornecimento de nutrientes ao feto, e consequente desenvolvimento.
A diabetes gestacional (DG), desenvolve-se em grávidas, cuja função pancreática é insuficiente para superar resistência à insulina associada ao estado de gravidez.
Ocorre em cerca de 1 em cada 20 grávidas e, se não for detetada através de análises e a hiperglicemia corrigida com dieta e, por vezes com insulina, a gravidez pode complicar-se para a mãe e para a criança. São vulgares os bebés com mais de 4 Kg à nascença e a necessidade de cesariana na altura do parto, podendo ainda ocorrer abortos espontâneos.
Pacientes com DG apresentam alto risco de desenvolver diabetes tipo 2 mais tarde na vida, o que não é surpreendente, uma vez que o caminho fisiopatológico da secreção inadequada de insulina no cenário de resistência à insulina durante a gravidez também está subjacente ao diabetes tipo 2 fora da gravidez.
Outras variantes de diabetes:
Diabetes Tipo LADA (Latent Autoimmune Diabetes in Adults): costuma ser confundido com a diabetes do tipo 2. A maior incidência concentra-se em pacientes entre 35 e 60 anos. A manutenção do controle de glicemia é o principal objetivo do tratamento do portador de diabetes tipo LADA. Um aspecto que deve ser levado em conta, refere-se à progressão para a necessidade de terapia com insulina.
Diabetes tipo MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young) que afecta adultos jovens mas também adolescentes e crianças. Apresentam-se com características de diabetes tipo 2 e são causadas por uma mutação genética que leva a uma alteração datolerância à glucose.
Diabetes Secundário ao Aumento de Função das Glândulas Endócrinas (Ex: doença de Cushing, acromegalia ou gigantismo, feocromocitoma, glucagenoma)
Diabetes Secundário a Doenças Pancreáticas (Exemplos: pancreatite crónica, Destruição pancreática por depósito de ferro denominado hemocromatose)
Resistência Congénita ou Adquirida à Insulina
Diabetes Associado a Poliendocrinopatias Auto-Imunes
Diabetes Relacionados à Anormalidade da Insulina (Insulinopatias)
Como se diagnostica?
Segundo a Norma da DGS ( http://nocs.pt/wp-content/uploads/2015/11/Diagnóstico-e-Classificação-da-Diabetes-Mellitus.pdf), o diagnóstico de diabetes é feito com base nos seguintes parâmetros e valores para plasma venoso na população em geral:
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- Glicemia de jejum ≥ 126 mg/dl (ou ≥ 7,0 mmol/l);
- Sintomas clássicos + glicemia ocasional ≥ 200 mg/dl (ou ≥ 11,1 mmol/l); ou
- Glicemia ≥ 200 mg/dl (ou ≥ 11,1 mmol/l) às 2 horas, na prova de tolerância à glicose oral (PTGO) com 75g de glicose; ou
- Hemoglobina glicada A1c (HbA1c) ≥ 6,5%.
O diagnóstico da hiperglicemia intermédia ou identificação de categorias de risco aumentado para diabetes, faz-se com base nos seguintes parâmetros:
- Anomalia da Glicemia de Jejum (AGJ): glicemia de jejum ≥ 110 e < 126 mg/dl (ou ≥ 6,1 e < 7,0 mmol/l);
- Tolerância Diminuída à Glicose (TDG): glicemia às 2 horas na PTGO ≥ 140 e < 200 mg/dl (ou ≥ 7,8 e < 11,1 mmol/l).
- O diagnóstico da diabetes gestacional faz-se com base nos seguintes valores para plasma venoso:
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- Glicemia de jejum, a realizar na 1.a consulta de gravidez, ≥ 92 mg/dl e < 126 mg/dl (ou ≥ 5,1 e < 7,0 mmol/l);
- Se glicemia de jejum < 92 mg/dl, realiza-se PTGO com 75 g de glicose, às 24-28 semanas de gestação. É critério para diagnóstico de diabetes gestacional, a confirmação de um ou mais valores
- às 0 horas, glicemia ≥ 92 mg/dl (ou ≥ 5,1 mmol/l);
- à 1 hora, glicemia ≥ 180 mg/dl (ou ≥ 10,0 mmol/l);
- às 2 horas, glicemia ≥ 153 mg/dl (ou ≥ 8,5 mmol/l).
Como se previne?
- Mantenha a hidratação
- Siga uma alimentação saudável e equilibrada
- Mantenha controlada a saciedade e os níveis de glicemia.
- Ganhe energia. Combata o sedentarismo
Referências
- https://apdp.pt/diabetes/abc-da-diabetes/#1553517097516-c2e29a22-dc72
- http://nocs.pt/wp-content/uploads/2015/11/Diagnóstico-e-Classificação-da-Diabetes-Mellitus.pdf
- http://www.jmrezende.com.br/diabetes.htm
- https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/distúrbios-endócrinos-e-metabólicos/diabetes-melito-e-distúrbios-do-metabolismo-de-carboidratos/diabetes-melito-dm
- https://www.uptodate.com/contents/gestational-diabetes-mellitus-screening-diagnosis-and-prevention?search=gestacional%20diabetes%20mellitus&topicRef=4800&source=see_link